Saude mental
Série Antropologia
Povos Indígenas e Mudança Sócio-Cultural na Amazônia.
Roberto Cardoso de Oliveira lcardoso@unb.br Brasília 1972.
Conferência pronunciada durante a “23ª Anual Latin American Conference” (fevereiro/1973), intitulada “Man in Amazon”e promovida pelo “Center for Latin Ameircan Studies”, Universidade da Florida (Gainesville).
I — Introdução
II — A Dinâmica das Áreas de Fricção Interétnica
III — Processos de Mudança Socio-Cultural
(i) Processos condicionados pelo extrativismo vegetal
(ii) Processos condicionados pela ação missionária
(iii) Perspectivas da ação estatal no processo de mudança
IV — Considerações Finais
Referências bibliográficas
Notas
I — Introdução
O estudo da mudança sócio-cultural, como objetivo de uma antropologia moderna, não é uma empresa fácil. Por dois motivos. Primeiro pelo fato de ser um hábito bem enraizado na etnologia — particularmente na etnologia brasileira — de se fazer história mais, ou em lugar de, antropologia; entendendo-se por esta o estudo sistemático, nomotético, das realidades sócio-culturais. O traçado linear da mudança naqueles estudos históricos, implicando geralmente um antes e um depois, acarreta um outro hábito, igualmente corrente na antropologia — e não apenas brasileira — como o de fazer extrapolações entre esses dois momentos, entre o antes e o depois, ou, para falar com Barth, entre dois estados, ou mesmo de um único estado, para indicar o curso da mudança (Fredrik Barth, 1967: 661). O segundo motivo estaria, assim, no vício de extrapolações desse tipo a que se refere Barth. A solução que ele sugere não vamos examinar aqui senão dizer que ela diz respeito ao caráter da contribuição da antropologia social para a compreensão da mudança: como o de prover materiais primários para o entendimento de processos e, por conseguinte, permitir com isso a observação e a descrição de eventos de mudança como algo que está acontecendo agora e não como um produto