Santo Agostinho e o Tempo
Santo Agostinho rejeita tanto o conceito Platônico de que o mundo teria sido construído por Deus, quanto o neoplatônico de sua emanação. Para o Santo o mundo foi criado por Deus do nada, sem excluir a possibilidade de o mundo ter se desenvolvido e evoluído. Deus criou o mundo num estado de indeterminação e de imperfeição, gradativamente as formas se determinam e se especificam formando seres sempre mais completos e fiéis.
Agostinho esboça uma teoria cósmica, consoante a qual a evolução é interna à própria espécie, que permanece idêntica na sua natureza. Se o mundo é criado, não é eterno. Qual a relação entre eternidade e o tempo? O tempo é uma realidade objetiva?
Santo Agostinho se prende em analisar sobretudo o tempo de sucessão, o tempo tem três momentos: passado, futuro e presente. O passado não é mais, o futuro não é ainda e o presente não tem duração. E no entanto nós o medimos e, se o medimos, tem uma duração. Nós percebemos o tempo porque existe uma sucessão de estados, ou seja, as coisas começam, desenvolvem-se e morrem. Sem o movimento não haveria tempo e portanto o movimento serve para medir o tempo, sem que o movimento seja o tempo.
Mas se tudo fluísse e tudo fosse movimento, não existiria tempo e nem a sua medida. Desse modo algo não flui e conserva em si os momentos passados e antecipa os futuros, a consciência. Nela o passado é guardado e é presente como memória e o futuro é presente como expectativa. Somente o presente, então é, e é como destender-se da alma no passado e no futuro.
Em resumo, sem coisas que mudam, não existiria o tempo. Antes da criação não existia o tempo, pois só existia Deus, que é por sua vez imutável. A criação é principio do mundo e do tempo. Não houve mundo sem tempo, nem tempo sem mundo. O mundo pois, foi criado com o tempo e não no tempo. Deus é eterno, fora do tempo.