Santidade de Jaguaripe
Ela surgiu na década de 1580, em Jaguaripe, ao sul do recôncavo baiano, como já disse, e provocou a maior rebelião indígena ocorrida no Brasil português do primeiro século. Era liderada por um índio chamado Antônio, nome de batismo dado pelos jesuítas no tempo em que Antônio viveu num aldeamento de Ilhéus, onde aprendeu rudimentos da fé católica, antes de fugir dali. Cerca de 1584, o grupo de indígenas liderado por Antônio estava já organizado nos "sertões" de Jaguaripe e estimulava fugas e revoltas em toda a capitania. Muitos engenhos foram saqueados ou incendiados, como o do Conde de Linhares, e algumas missões foram abandonadas. Inúmeros portugueses foram aprisionados e mortos, o que está registrado inclusive em correspondência do Governador Geral Manuel Teles Barreto, então ocupante do cargo.
Os pregadores da Santidade exortavam os fiéis a fugir dos brancos e a atacá-los, acenando que o triunfo total estava próximo e com ele viria uma nova era de prosperidade e abundância. Os índios não precisariam mais trabalhar porque as flechas caçariam sozinhas no mato e os frutos brotariam da terra sem que ninguém os plantasse. As índias velhas voltariam a ser jovens e os homens se tornariam imortais. Todos os portugueses seriam mortos ou tornar-se-iam escravos dos mesmos índios que então escravizavam. O triunfo da Santidade equivalia, assim, ao achamento da Terra sem Males, o paraíso Tupi de que falam os etnólogos, cuja busca