Sallum JR
Orientação da Política Externa Brasileira*
Brasilio Sallum Jr.
Professor titular do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP). São
Paulo, SP. Brasil (e-mail: brasiliosallum@gmail.com)
liberalização econômica ocorrida na América Latina a partir dos anos 1980 e, especialmente, na década de 1990, foi entendida como um processo de expansão do capitalismo a partir de seu núcleo em direção à periferia do sistema. Depois da queda do Muro de Berlim e do colapso da União Soviética, tornou-se predominante a interpretação de que tais alterações atingiriam aos poucos todas as sociedades e as fariam convergir para um mesmo padrão de organização econômica, pautado pelo mercado. Reeditava-se com isso, de outra forma, a perspectiva da “modernização”, dominante nos anos 1950. As pressões das grandes transnacionais e das “reformas liberais” tenderiam a incorporar todos os países a um mesmo padrão institucional, fazendo com que passassem de não integrados para “superficialmente integrados” e, depois, para “profundamente integrados” (Haggard, 1995;
Omahe, 1991). Em relação à América Latina esta interpretação ganhou até uma versão entusiástica: diversos países latino-americanos estariam passando, na expressão de Sebastian Edwards, “from dispair to hope”, na medida em que abandonavam os modelos de substituição de importações e os ensaios heterodoxos de gestão econômica em favor de uma orientação mais amigável em relação ao mercado e de políticas econômicas ortodoxas (Edwards, 1994).
A
* Este artigo resulta de uma pesquisa apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Agradeço a Tullo Vigevani pelas sugestões feitas à primeira versão do texto.
DADOS – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, vol. 54, no 2, 2011, pp. 259 a 288.
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Revista Dados – 2011 – Vol. 54 no 1
1ª Revisão: 11.04.2011
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Brasilio