Salgado
A obra mais recente de Sebastião Salgado é uma sequência de descobertas do intocado
Três meninos de 8 a 10 anos passavam por perto da mostra e se aproximaram de um repórter cinematográfico: “Também queremos aparecer na TV”. O homem com a câmera pediu que os meninos se aproximassem e olhasse para a foto. Eles posaram, bem ao lado de um dos quadros, olhando para a câmera, e o homem advertiu: “Não. Olhem para a foto do quadro”. Então ele capturou as imagens dos garotos apreciando a exposição. Sebastião Salgado, na sua obra mais recente, Genesis, faz o exercício de tornar a câmera invisível ao ambiente. É preciso ir muito longe na busca pelo que não é visitado. Chegando lá, é indispensável dedicar-se a fazer parte do lugar, investir em passar sem se perceber. É preciso acostumar os seres e o ambiente à nova presença, até que tudo esteja confortável para ser como é, despreparado de tudo. A gênesis - origem, criação - está nesses lugares intocados, na essência despretenciosa do que é natural.
Sebastião Salgado esteve em 30 regiões remotas, durante sete anos, capturando as imagens que constituem seu trabalho mais recente: Genesis. A seleção das fotos que foram para o livro da obra reduziu o número de capturas e um oitavo do inicial. Pouco mais da metade das imagens selecionadas para o livro foi exposta nas grandes metrópoles pelo mundo. Mesmo assim, a curadoria da mostra “Genesis” - sob o comando da esposa de Sebastião Salgado - restringiu, cuidadosamente e mais uma vez, o catálogo, até chegar às 50 fotografias reservadas para a exposição itinerante, que chegou a Bauru nessa noite de quinta-feira e vai até 15 de fevereiro de 2015.
A preparação para receber a exposição do mais importante fotógrafo brasileiro da contemporaneidade foi caprichosa. Estagiários do Sesc foram instruídos pela fotógrafa e artista plástica Marcela Tiboni, para aprender sobre a vida e a obra de Sebastião Salgado. Vitor Yousseff é um desses