Sebastião salgado
A FOTOGRAFIA DE SEBASTIÃO SALGADO
Solange Gomes da Silva
Sebastião Salgado é um dos mais celebrados e respeitados fotógrafos do mundo. Sua obra tem merecido atenção de muitos intelectuais de renome, como, por exemplo, do escritor uruguaio Eduardo Galeano que disse o seguinte sobre o trabalho de Sebastião Salgado: "Quando a imagem emerge das águas do revelador e a luz se fixa em sombra para sempre, há um instante único que se solta do tempo e se converte em sempre. Estas fotos sobreviverão a seus protagonistas e a seu autor, para dar testemunho da nua verdade do mundo e de seu oculto fulgor. A câmera de Salgado se move na violenta escuridão buscando luz, caçando luz. A luz cai do céu ou sobe de nós? Nas fotos, esse instante de luz presa, essa faísca, nos revela o que não se vê, ou o que se vê mas não se nota: uma presença despercebida, uma poderosa ausência. Ela nos avisa que a dor de viver e a tragédia de morrer escondem, em seu interior, uma poderosa magia, um luminoso mistério que redime a aventura humana no mundo." (GALEANO, 1997, p.20)
O que torna as fotos de Sebastião Salgado tão especiais: a revelação da verdade, a sensibilidade artística ou a ideologia do fotógrafo representada através da imagem?
Em 1902, após quase sessenta anos da invenção da máquina fotográfica, o pintor norueguês Edvard Munch, autor de O Grito, declarou: "Não tenho medo da fotografia, com a condição de que ela não possa ser usada no céu nem no inferno".
Tal declaração está fundada na crença mais ou menos generalizada de que a câmera não mente e de que a fotografia é, segundo critica MACHADO (1997, p.242), "antes de qualquer coisa, o resultado imaculado de um registro dos raios de luz refletidos pelos seres e objetos do mundo (...). É como documento, como evidência, como atestado de uma preexistência da coisa fotografada, ou como árbitro da