Saber teoria ou tocar de ouvido
Por que existe a rixa entre os que defendem a idéia de que é melhor tocar “de ouvido” (e até se orgulham de não saber teoria) e os que acham que quem não sabe teoria musical não pode chegar a tocar bem? Afinal, quem está com a razão?
Bom, primeiro é necessário explicar quais são as áreas do conhecimento que estão em jogo quando tocamos um instrumento ou, melhor, quando fazemos música.
As três áreas que formam o músico:
A mais importante é a musicalidade, que envolve intuição, criatividade, memória, senso harmônico, senso melódico, senso rítmico, etc. É difícil de avaliar, porque não é mensurável, além de ser muito subjetiva.
Mas todos nós conhecemos alguém que toca bem sem ter conhecimento de teoria, ou “tira” harmonias complicadas rapidamente, ou compõe músicas sem sequer tocar um instrumento, ou canta muito bem... Essas pessoas provavelmente têm boa musicalidade e, por uma série de motivos que não cabe comentar aqui, desenvolveram desde cedo essa aptidão.
O conhecimento formal se refere às informações teóricas que o músico adquiriu (escalas, acordes, intervalos, progressões, em suma, a lógica da música), como ele as processa e, principalmente, com que velocidade.
Isso significa que não adianta, por exemplo, estudar as escalas e não conseguir localizar rapidamente as notas ou um intervalo qualquer.
A terceira área em questão é a técnica (ou habilidade motora), que envolve precisão, sincronia, rapidez, força, resistência, coordenação, o “toucher” ou “pegada”, etc. O aluno iniciante se liga mais nessa área já que as outras duas são mais difíceis de entender e avaliar para quem está começando. Mas na realidade a habilidade motora é a mais fácil de conseguir, já que não exige nem ouvido, nem inteligência, somente repetição. O aluno pode ser burro como uma porta e ter o ouvido musical de uma pedra e, no entanto, ter uma tremenda técnica, porque só