ruralidade

Excerto de:
SILVA, Marlúcia Valéria da. Pisando em terra firme(?): identidades juvenis e reprodução social na localidade rural Roça Nova, Sebastião Leal-PI. Relatório de pós-doutoramento [2011]. 175 f. (CPDA-Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro). Rio de Janeiro: 2011. p. 43-58.

1.4 Ruralidades: borrando as fronteiras da dicotomia

A partir dos estudos acessados, é possível apontar que o campo brasileiro tem passado por importantes mudanças e que as mesmas, grosso modo, se prendem à permanente dificuldade que grande parte dos camponeses ainda têm de acesso a terra, ao crédito e à assessoria técnica (WANDERLEY, 1996). Esta realidade obriga-os a empregar seus esforços na estrita agricultura de subsistência, opção que, em face da incapacidade de gerar qualquer incremento patrimonial, define uma realidade de escassez constante e de redução das possibilidades de reprodução dos grupos familiares camponeses (Id. Ibid). Não raro, a realidade de escassez dialoga com os contextos do agronegócio, apresentando-se em cada contexto como a saída possível para a situação de dificuldades vivenciadas diversos segmentos do campo. Atividade dita rural, assentada no uso de grandes extensões de terra, na alta mecanização e uso massivo de insumos agrícolas, o agronegócio caracteriza-se ainda pela alteração profunda das relações de trabalho e pelo consequente desencadeamento de processos sociais e culturais diversos junto às populações envolvidas na produção monocultora. Realidade inicialmente manifesta nos campos do sul do Brasil que, após migrar para as fronteiras agrícolas do centro-oeste na década de 80, mais apropriadamente, chegou às novas fronteiras agrícolas do Nordeste (Piauí, Bahia, Maranhão etc.) nas últimas décadas.
Outro aspecto apontado enquanto potencializador das mudanças no campo diz respeito à problemática oriunda do processo de urbanização – expressa mais fortemente na queda de postos de trabalho e emprego, na redução dos salários, na carência de