Ruptura do naturalismo
A revolução estética, cujas raízes estão no século XVIII na Inglaterra, foi completada nos últimos cem anos, quando a apreciação estética passou a ser o único valor das obras de arte. A metamorfose mais profunda principiou quando a arte já não tinha outra finalidade senão ela mesma. A partir do momento em que o ser da arte não é representar naturalisticamente o mundo, nem promover valores, seja eles sociais, morais, religiosos ou políticos, é possível encontrar sua especificidade enquanto promotora da experiência estética. Os filósofos da linguagem passaram a procurar o significado de termos gerais como arte e beleza. Esse significado vai ser estabelecido dentro do sistema lingüístico e não a partir dos objetos de arte realmente existentes. Essa nova atitude estética advém do estado de espírito cauteloso, empírico e analítico que não quer generalizar, mas que se mantém atento às características individuais de cada arte. Com a dissolução da atitude naturalista, os artistas passam a menosprezar o assunto ou tema das suas obras para valorizar o fazer a obra de arte. A obra de arte adquire um estatuto próprio de obra.
Apesar de essa ruptura ter condicionado praticamente toda a produção artística deste século, a postura naturalista continuou a predominar em outros campos, principalmente nos meios de comunicação de massa, como a TV, o cinema, rádio. Podemos admitir que a partir do romantismo, do século XIX, a evolução artística se deu no sentido contrário ao naturalismo. Com altos e baixos, a partir de então, através das evoluções do barroco, do rococó, do romantismo até o impressionismo, o movimento se fez numa direção oposta às formas orgânicas do naturalismo. Assim, a predominância do naturalismo, indiscutida até o meio do século XIX, começou a ser batida em brecha a partir de então. E quando o século acabou nada mais restava dele. Havia sido desintegrado. A transformação do mundo visível em cores