Rotulação

Corriqueiro entre gestores, professores e, consequentemente, entre os alunos, a prática da rotulação no ambiente escolar é mais um reflexo do quão medicalizada a sociedade se encontra e do quanto às pessoas tem conotado ás crianças problemas que nelas não existem. A palestra teve como vertente a desmistificação do que leva os educadores a sentirem tamanha necessidade em rotular. Segundo o palestrante, a maioria das pessoas parte do pressuposto de que a escola é uma instituição neutra. Porém, a educação medicalizada que vigora nos dias de hoje demonstra que não há neutralidade nas instituições responsáveis pela educação uma vez que elas permitem agregar os rótulos da medicina, fazendo com que sejam deslocados para o campo médico problemas que são parte do cotidiano do indivíduo (MEIRA, 2002). Diagnosticar uma criança bastante agitada e que pouco se concentra na aula como hiperativa é bem mais fácil que observar os fatores que a levaram a tais comportamentos. Esse excesso de diagnósticos – facilitado pelo acesso a laudos médicos na mídia –, e tratamentos ocasiona a redução do sujeito à sua condição biológica e joga debaixo do tapete a história do indivíduo e a deficiência do sistema. Uma vez que se ignora a qualidade do ensino, a vida da criança fora da escola e as relações da mesma para com os colegas de classe, os ideais e os rótulos entram em vigor como única saída. Tais ideais são baseados no discurso da medicalização oculta, em que o palestrante cita pontos tais como a função da escola na sociedade capitalista e a complexidade da aprendizagem humana: o aluno é um único agente sendo, portanto, o receptor meramente biológico do ensino sem defeitos. Conclui-se, com base na palestra, que a rotulação no ambiente escolar está intimamente ligada as informações médicas que circulam no cotidiano e com a necessidade de jogar a culpa da formação deficiente do sistema no mais fraco, uma vez que a tradição de não verificar a história do indivíduo é forte. Foi