Trabalhos faculdades
DE APRENDIZAGEM": UMA QUESTÃO A SER REFLETIDA.
Luciana M. Lunardi Campos
Rui, aluno de onze anos, que freqüentava a 3ª. série de uma escola pública e residia na favela, ia mal na escola, porque não prestava atenção em nada, "não aprendia". Para algumas professoras, era retardado; para outras, imaturo; para outras, ainda, era vítima de uma família desestruturada. Não tinha mesmo jeito e
Rui desistiu da escola. Rui, Fabiano, Vanessa, Rose, Eric, Antônio... Imaturidade, fome, pais separados, pobreza, falta de estimulação, deficiência mental, problema de aprendizagem... Muitos nomes, muitas justificativas, muitos rótulos. Diversos rótulos têm sido utilizados, freqüente, crescente e impunemente nos meios escolares para justificar os números altamente elevados de retenção, exclusão e encaminhamentos (os mais diversos) de alunos das classes populares. Na verdade, rótulos como distúrbios, problemas ou dificuldades, da forma como vêm sendo utilizados, nada mais são do que justificativas para explicar as diferenças no rendimento escolar ou o insucesso "desses alunos".
O rótulo de "problema ou distúrbio" atribui a esses alunos a culpa pelo "seu fracasso", e a deficiência passa a ser a principal causa do fracasso escolar, desconsiderando-se os inúmeros fatores envolvidos neste processo. Ao atribuirmos deficiências - emocionais, cognitivas, motoras, perceptuais - aos alunos, transferimos a responsabilidade pelo desempenho escolar ao próprio aluno, retirando da sociedade, da escola e do professor a responsabilidade pelo sucesso dos alunos.
Perpetuamos, assim, uma prática muito freqüente, que é atribuir o problema sempre ao outro, ou, emprestando uma expressão utilizada pelo Prof. Celestino SILVA JR., poderíamos falar na ideologia da incompetência do outro.
Constatamos que, com freqüência elevada, as mais diversas deficiências ou dificuldades têm sido atribuídas ao aluno, através da