roger e eu uma análise aprofundada sobre o filme
Roger e Eu de Michael Moore
Lilian Victorino
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - Universidade de São Paulo
FAPESP
licagils@usp.br
Resumo:
Este texto aponta para algumas relações entre cultura e sociedade, e como a obra, neste caso o cinema documental estadunidense, informa mais a respeito de alguns valores do grupo social que a constrói do que sobre uma suposta realidade. Primeiro filme dirigido pelo cineasta Michael Moore em 1989, Roger e Eu lança um olhar crítico a respeito do conflito entre trabalhadores e empresários da indústria automotiva General Motors. A narrativa constrói a centralidade da fábrica na vida dos moradores da cidade e busca confrontar os motivos que levariam uma empresa, considerada lucrativa, à demissão em massa de quase 30 mil funcionários só naquela localidade. Denunciar o saldo social das demissões e as consequências para a cidade é o tema deste documentário. A interpretação das imagens que constroem o discurso do filme está calcada em conceitos da sociologia do cinema como o de sistemas relacionais de Pierre Sorlin em
“Sociologia del cine”, e o de representificação com Paulo Menezes em “O cinema documental como representificação” , que fornecem a metodologia para mapear os grupos construídos pelo filme, entender qual o conflito, quais soluções são propostas e os sentidos que o filme alude ao espectador. O filme é dirigido ao espectador da classe média, tão celebrada nos EUA desde o pós-guerra, período em que os americanos valorizam cada vez mais a idéia de felicidade pela via do consumo. Com o fechamento das fábricas da GM o filme indica que o modo de vida estadunidense estaria ameaçado, sobretudo, para os trabalhadores pobres e desempregados que sequer alcançaram o padrão de consumo socialmente almejado. Roger e Eu é um filme que sinaliza
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importantes mudanças no mundo do trabalho no final do século XX e este