História e cinema
Entre a representação e a visualidade: alguns dilemas da relação história e cinema
Francisco das Chagas Fernandes Santiago Júnior
RESUMO:
Este texto faz uma reflexão sobre a relação do conceito de representação com o de imagem cinematográfica, problematizando-o no confronto com a historicidade da própria visualidade.
A chave teórica da representação se tornou comum na historiografia brasileira, principalmente após o avanço da chamada nova história cultural que tem como uma das referências principais a obra de Roger Chartier. É preciso re-pensar o conceito quando se trata da relação história e cinema, este último tomado aqui como uma imagem. O estatuto representacional da imagem muda conforme o contexto social e a interação daquela neste. O conceito de representação só se torna adequado ao cinema, do ponto de vista historiográfico, se o filme construir uma interação social marcada por representatividade. A representação deve ser concebida como uma qualidade não intrínseca da imagem.
PALAVRAS-CHAVE: 1) Representação; 2) Cinema; 3) Visualidade.
KEY-WORDS: 1) Representation; 2) Cinema; 3) Visuality.
Recebido em: xx/xx/xxxx
Aprovado em: xx/xx/xxxx
DOMÍNIOS DA IMAGEM, LONDRINA, ANO II, N. 3, P. 65-78, NOVEMBRO2008
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FRANCISCO DAS CHAGAS FERNANDES SANTIAGO JÚNIOR
Entre a representação e a visualidade: alguns dilemas da relação história e cinema
1. Introdução
A história tem se apropriado de uma série de novos objetos e temas desde finais dos anos 1950, sendo que foi a terceira geração dos Annales que consagrou as novas abordagens, objetos e temas. Em princípios dos anos 1970, o filme entrou definitivamente no arsenal das fontes históricas. No início, a apropriação que a historiografia fez do cinema foi desordenada, mas com o avanço da nova história cultural houve uma sistematização das relações entre história e cinema no sentido