Jovens Infratores
Dados gerais da pesquisa
A leitura diária da Folha de São Paulo, selecionando todo e qualquer texto que fizesse referência direta à ``questão da infância'', produz, ao fim de quinze meses, a sensação de estarmos diante de um fenômeno cíclico, que ao fim de determinado período, e em relação a esse ou àquele assunto, se reinicia, torna-se intenso, grave, urgente, para então subitamente minguar, até que o ciclo se reinicie.
Parte desse fenômeno pode ser atribuído à dinâmica que rege a produção jornalística diária, em que velocidade e novidade são quesitos essenciais - e, como efeito reverso, permanência e reiteração ``envelhecem'', desgastam a notícia. Mas - e sem que isso represente um álibi à malversação jornalística do tema, pelo contrário - outro tanto de responsabilidade por tal efeito deve ser creditado à própria imobilidade da situação da infância no país: Febem, espancamento e extermínio de ``menores'', trabalho infantil nas mesmas condições degradantes (e até na mesma atividade carvoeira) - os temas das manchetes de hoje pouco diferem daqueles dos jornais de 20, 30 anos atrás.12
Efetuada através de um processo de leitura e seleção diária de noticiário sobre o tema - e de posterior checagem por meio de pesquisa virtual -, a pesquisa resultou na coleta, ao fim do período de quinze meses e entre matérias e artigos, de 162 textos.
Não estão contidos nesses números as variadas profissões de fé em forma de artigo jornalístico sobre as benesses das crescentes ações de voluntariado; os mais de cinqüenta artigos que, no período, comentaram, fizeram publicidade ou exaltaram as ações da Abrinq; e nem o número semelhante de colunas de Gilberto Dimenstein que, muitas vezes referindo-se a experiências internacionais, destacaram projetos de ONGs e de prefeituras que priorizam o investimento em educação e em esportes no combate à exclusão infantil - esforços que, combinados à multiplicação do voluntarismo