Rococó
O rococó é um rico movimento da arte com tentáculos que chegam ate Brasil, com as devidas transformações intrínsecas ao deslocamento transcontinental de um estilo/modelo/forma/conceito – principalmente aqui, na terra da Cobra Grande onde o antropofagista faz morada.
"Painting and living have always been one and the same thing for me."
– Elisabeth Vigée-LeBrun
O estilo rococó surge no século XVIII, em Paris, como uma reação aos preceitos estéticos dominantes no reinado de Luiz XIV, introduzindo linhas soltas e curvas flexíveis na decoração aristocrática. O estilo decorou as paredes, molduras, mobiliário e teto palacianos com delicadas curvas e contracurvas que se entrelaçam com base nas formas fundamentais de "C" e "S", bem como com o formato de conchas e outras formas naturais. Design assimétrico era a regra e os decoradores frequentemente usavam espelhos para tomar o olhar do observador frente a tantos detalhes. É composto por movimentos excessivos e uma áurea hedonista de cores e decorações delicadas que faziam da paleta recheada de tons pastéis, branco marfim e ouro dos Grandes Mestres, as alegrias se dissolverem em uma melancolia fantasmagórica que cobre as representações da aristocracia palaciana. Para trabalhar os aspectos desse estilo, busquei um dos quadros de Maria Antonieta pintados enquanto Elisabeth Vigée-LeBrun era a pintora de sua corte – princesa essa por si só sinônimo desse período Frances - para mostrar a quão feminina era a arte produzida nesse momento, delicada, arte de tramas que se revelavam nos bastidores, ao contrario do discurso frontal, masculino, Barroco. Na fala com que começo o texto, a Senhora LeBrun mostra ser a pintura o mesmo que viver; o delicado prazer de estar livre com seu chapéu pelos corredores de Versailles, sentindo o vento passar pelos seus cabelos.
As cores se compõem em formas do que um dia foi vida; sendo viva-morta, Maria Antonieta se mostra como um fantasma no qual me debruço para traçar uma