Rio bravo
RIO BRAVO
F E V E R E I RO 2 0 1 1
Ambiguidades
D
urante os dois primeiros meses da nova presidência confirmaram-se os sinais de aceleração da inflação, um amargo lembrete dos excessos fiscais verificados no ano eleitoral, e principalmente de que há relações de causa e efeito no terreno da economia das quais não se pode fugir. É ocioso reafirmar que a manipulação do termômetro em nada afeta os efeitos da alta tempe ratura: as manipulações contábeis perpetradas para interferir na correta aferição do resultado fiscal em nada alteraram o fato de que a indisciplina fiscal provocou excesso de demanda e inflação, como efetivamente a teoria econômica estaria a sugerir e apesar do ceticismo de alguns economistas no governo, a começar pelo ministro da Fazenda.
A marcha da inflação não parece ainda afetada pelas iniciativas de política econômica empreendidas nesse início de governo. No âmbito do Banco
Central, desde o início do ciclo de alta com o aumento de 0,5% observado na reunião do COPOM de 19 de janeiro, as expectativas regularmente mapeadas pelo FOCUS pioraram consideravelmente, o que se refletiu nos juros futuros, ou seja, nas percepções sobre o tamanho do aumento de juros neste ciclo, e mesmo sobre o seu ritmo. Os analistas reconhecem que as “medidas macro-prudenciais” – limitações a prazos, mas também e principalmente aumentos nos recolhimentos compulsórios – serviram para arrefecer o ritmo da concessão de crédito. Em seu conjunto, as iniciativas do Banco
Central não parecem ainda estar à altura do desafio, especialmente se a Autoridade Monetária não deixar o câmbio valorizar (e as intervenções com vistas a evitar a valorização subiram de patamar
com o uso de derivativos) e muito especialmente se não houver alguma ajuda do lado da política fiscal.
Em fevereiro, em uma resposta direta às ansiedades geradas pelos excessos fiscais do ano anterior, o ministro da Fazenda, com indisfarçável des conforto,