Revolução Boliviana

A Revolução Bolivariana, que se iniciou na Venezuela a partir da chegada de Hugo
Chávez à presidência, em 1999, é um movimento que desperta enorme atenção de cientistas sociais e organizações políticas em todo o mundo. Nesta proposta de comunicação pretendo apresentar uma contribuição a este polêmico debate. Sustento a hipótese de que o futuro daquele processo político depende do modo como irá se resolver a luta hegemônica que ocorre dentro do novo bloco histórico dominante que chegou ao poder há dez anos, liderado por Chávez. No interior desse bloco encontramos projetos diversos que estão vinculados às posições que cada classe ou fração de classe que o constitui ocupam na sociedade venezuelana. Aqui destaco o conflito entre um projeto que visa à canalização das demandas populares nos espaços oficiais do Estado e outro que se orienta pela radicalização permanente da Revolução Bolivariana a partir da construção de um efetivo poder popular. O tema dessa apresentação foi retirado de minha pesquisa de mestrado1, ainda em curso.
Governo e oposição na Venezuela
O conflito é o elemento-chave do enredo político venezuelano e Chávez é o personagem central dessa trama. Ao menos à primeira vista, a história parece corriqueira: uma luta entre o bem o mal da qual participam forças que assumem quase de modo caricato seus papéis. De um lado temos a figura de Chávez, um presidente que para a quase totalidade dos críticos merece o polêmico rótulo de populista, e, como exige o conceito, uma massa popular que o suporta. De outro, a oposição que fala em nome da democracia e que é identificada pelo oponente como “a oligarquia”. A sociedade venezuelana aparece, hoje, completamente cindida entre essas duas posições antagônicas incapazes de qualquer tipo de diálogo. Tal leitura da política na Venezuela é reforçada cotidianamente – na guerra de informações travada entre meios públicos e privados de comunicação – e em intervalos um pouco maiores, nas eleições e