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Trabalhar causa tristeza?
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Há muitos empregos e os salários crescem, mas a insatisfação do brasileiro com a carreira permanece a mesma. Como ser mais feliz com o trabalho
Daniella Cornachione
MAIS FELIZES
A ex-fonoaudióloga Fernanda Egydio em sua oficina de costura para crianças. Ela deixou de ser assalariada e virou microempresária, grupo que se diz muito mais satisfeito com o trabalho
O brasileiro que trabalha está cheio de motivos para comemorar. O nível de desemprego de junho foi o menor desde 2002. A renda média cresce à frente da inflação continuamente há sete anos. Surgem mais opções de carreira e mais cargos bem remunerados, e as empresas disputam os bons profissionais. O brasileiro que trabalha deveria, então, estar extremamente satisfeito. Mas não é o que acontece. Há indícios de que o aquecimento da economia não esteja elevando a felicidade geral com o trabalho. Pior: ele talvez esteja aumentando o número dos que se consideram infelizes com o que fazem. O alerta vem de especialistas e pesquisas como a realizada recentemente pela consultoria multinacional de recursos humanos Right Management. O resultado mostrou 48% de insatisfeitos com o trabalho. “Para uma economia aquecida, cheia de oportunidades, esse indicador está muito alto”, afirma Elaine Saad, coordenadora do levantamento, feito em julho com 6 mil pessoas. O índice de insatisfeitos está bem mais próximo dos 52% dos Estados Unidos em crise de 2008, abalados pela bolha imobiliária, do que dos 39% dos Estados Unidos otimistas de 1987, quando o país crescia fortemente. A insatisfação dos brasileiros se manifesta de forma ainda mais aguda entre as mulheres: 59% delas afirmam não estar felizes no trabalho.
Há reflexos do problema também na área de saúde mental. Em um levantamento da consultoria CPH Health com 194 mil pessoas, concluído em maio, a depressão e a ansiedade com o trabalho se mantiveram em alta no