Revista cultural
É possível afirmar que metáfora central da exposição é o carretel. Se em um primeiro momento a referência é explícita, ao longo da obras subsquentes, o carretel é sugerido a partir do desdobramento em outros temas igualmente caros à arte do pintor gaúcho, tais como o equilibrista e o ciclista. “O tema do ciclista é muito conhecido, só que não se entende bem de onde vem. Formalmente, ele vem de um desenvolvimento do carretel, que é constituído de dois círculos e um eixo”, defende o curador. O ciclista pode ainda ser associado à ideia de andarilho, como atesta o depoimento deixado pelo próprio Iberê: “Sou um andante. Carrego comigo o fardo do meu passado. Minha bagagem são os meus sonhos. Como meus ciclistas, cruzo desertos e busco horizontes que recuam e se apagam nas brumas da incerteza”.
Ao se debruçar sobre a vida e obra de Iberê, Jacques se surpreendeu com a qualidade dos textos escritos pelo artista e decidiu usá-los na montagem da exposição: “para mim foi uma descoberta o fato de ele ser realmente um escritor. Há permanentemente uma relação entre a obra pictórica e a obra literária”. Não bastasse o diálogo poético que estabelecem com as obras pictóricas, os excertos presenteiam os visitantes com passagens de notável sensibilidade, como a seguinte: “Na