REVELAÇÃO DO SUBÚRBIO
(trem), o subúrbio: Quando vou para Minas, gosto de ficar de pé, contra a vidraça do carro,
Vendo o subúrbio passar. Nos dois primeiros versos, encontramos o gauche numa posição de sentinela, de pé, contra a vidraça do carro como se quisesse se embriagar daquele subúrbio que lhe fazia tão bem. Se em “Os mortos de Sobrecasaca” tínhamos a imagem congelada diante de nossas retinas, agora um movimento quase cinematográfico se faz presente. Assim, O subúrbio todo se condensa para ser visto depressa, com medo de não repararmos suficientemente em suas luzes que mal têm tempo de brilhar. Condensado sim, mas inteiriço, o subúrbio é a parte pelo todo, o Brasil, e metonimicamente com medo de não ser visto e ser amado, tornase gente e se resume. As duas figuras juntas, metonímia e personificação, conferem à paisagem o significado exato do “ser brasileiro” e por isso o gauche tanto a ama: o subúrbio é o mundo, o subúrbio é o coração, o subúrbio está dentro do gauche e o envolve. As luzes ao longe cintilam, são estrelas tremeluzentes e como um céu estrelado que encanta o bom poeta, o subúrbio enleva o homem que o vê. Também cheia de vida, A noite come o subúrbio e logo o devolve, ele reage, luta, se esforça, Assim, a noite também é gente e o mundo é engolido pela sua escuridão. Mas como num
relampejo