Retórica - A Arte de Argumentar

ABREU, Antônio Suárez
“A Arte de Argumentar”
Gerenciando Razão e Emoção – Ateliê Editorial, 11ª edição, 2008.
Texto sobre as páginas 27 a 41

O que é a retórica? Como, quando e por que surgiu?
A retórica – arte de argumentar com a finalidade de convencer e/ou persuadir, pela transmissão de ideias de forma clara e convicta – é uma invenção grega, criada no contexto da primeira experiência de democracia da História, por volta de 427 a.C.. O regime democrático de Atenas, baseado nos princípios do legislador Sólon, necessitava do domínio da língua, da argumentação, pois a interação entre os cidadãos nas assembléias populares e nos tribunais depende, fundamentalmente, da linguagem. Considerada como arte, a retórica necessitava ser ensinada, e tal papel coube as sofistas, oradores gregos que professavam a “arte de convencer e persuadir”. Protágoras e Górgias são os mais importantes sofistas conhecidos. Havia uma grande divergência entre os filósofos e os sofistas, pois os primeiros trabalhavam com dicotomias como verdadeiro/falso, bom/mau, enquanto a idéia sofista se baseava na teoria dos paradigmas ou pontos de vista diferentes. Vale ressaltar que os sofistas, como mestres itinerantes, faziam diversas viagens e, consequentemente, conheciam diferentes culturas, costumes, valores, etc., portanto possuíam uma ampla visão do mundo, o que contribuía para que eles trabalhassem não só com ideias dicotômicas, como na Filosofia da época, que buscavam uma verdade absoluta, mas com inúmeras possibilidades para se chegar a uma verdade que poderia ser mudada. A retórica clássica estaria mais ligada à ciência, enquanto a filosofia mais próxima ao campo dogmático na Grécia Antiga? Considerando as tarefas da retórica clássica, pode-se claramente afirmar que havia, sim, natureza científica na retórica, uma vez que a primeira tarefa de tal retórica é ligada ao campo heurístico. Isto é, utilizava-se do método heurístico, o qual se baseia na análise do objeto de estudo