Retenção de Talentos - Fundamentação Teórica
Fundamentação Teórica
MERCADO DE TRABALHO NO BRASIL
Para lembrar as raízes históricas do mercado de trabalho no Brasil, devemos voltar ao século XIX, onde a economia baseava-se na escravidão, período que foi caracterizado por profundas transformações. Neste período o país foi colônia até 1808, império de 1808 até 1889, e finalmente tornou-se uma república. Não foi somente uma etapa marcada pela mudança da organização política, mas sobretudo por uma transformação política e social sem precedentes na história do país. Durante todo o período, a economia brasileira continuava organizada em torno da produção de artigos tropicais (café, açúcar, algodão) para o mercado europeu. Pelo menos até a década de 1850, não existiam formas alternativas de organização desta produção além daquela apoiada no trabalho escravo. De acordo com Kowarick, “No decorrer dos séculos, forjou-se, assim, uma sociedade de características estamentais, que se antepunha ao surgimento de modalidades produtivas outras” (Kowarick, 1994, p. 27). O marco inicial da transição para o trabalho livre foi dado pela abolição do tráfico de escravos em 1850, o que teve como desdobramento, para os próximos anos, o enfraquecimento do próprio sistema escravocrata, devido às más condições de reprodução da força de trabalho. O fim do tráfico, resultado sobretudo das pressões exercidas pela Inglaterra, significou, assim, um duro golpe à continuidade do sistema escravista. A Lei do Ventre Livre de 1871 foi um momento importante, resultado de um intenso debate sobre o fim da escravidão e sobre o futuro da economia baseado no trabalho livre. Defensores dos valores representados pela divisa “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”, os republicanos tentaram, introduzir a questão da abolição dentro de uma perspectiva de transição, cuja idéia principal era a do seu desaparecimento gradual acompanhado da garantia ao trabalho para aqueles que viessem a ser liberados. De acordo com os dados