Resumo
OBRA: CARVALHO, José Murilo de. A formação das Almas: O imaginário da
República no Brasil. 1ª reimp. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. p. 17 - 53.
Dadas as influências filosóficas da época de constituição da República no
Brasil, é possível afirmar que haviam três modelos de república a disposição dos brasileiros. Desses, o americano e o positivista destacavam a esfera de organização do poder - apesar de suas divergências teóricas. O francês, por sua vez, preocupava-se mais com a intervenção popular como fundamento do novo regime. A fim de garantir a unidade política do país, foi realizada uma engenhosa combinação de elementos importados. Após a consolidação da unidade política, passa-se à preocupação de definir uma identidade nacional em diversos ambitos: artístico, político e social.
A substituição de um governo por uma nação era tarefa enfrentada pelos republicanos e existiam três posições a respeito: a dos proprietários rurais, que defendiam a manutenção da ordem através do modelo federalista americano; a dos pequenos proprietários e outros profissionais, que preocupavam-se com a participação popular; e a dos militares, adeptos dos ideais positivistas. A longa tradição estatista do país, bem como a herança portuguesa, faziam com que os republicanos fossem fortemente apegados à ideia de Estado, mesmo os mais liberais. Por ter se constituído em uma sociedade profundamente desigual e num momento de intensa especulação financeira, na república brasileira predominava o espírito do capitalismo e o sentimento predatório, ao invés dos ideais de individualismo e construção da coletividade. Mesmo tentando-se impor esse sentimento e com a preocupação com a identidade nacional, prevalecia a mentalidade moldada pelas relações sociais escravistas e elitistas.
A proclamação da república brasileira foi um evento militar, que deixou de lado a sociedade civil. Entretanto, não é possível compreender esse processo histórico reduzindo-o à esfera militar. A história da