Resumo
Antes de mais nada, é preciso observar que nenhum dos conceitos encontrados na literatura é capaz de conter em si todos os aspectos que consideramos como definidores da coerência.
A coerência é algo que se estabelece na interação, na interlocução, numa situação comunicativa entre dois usuários. Assim, ela não pode ser vista também como ligada à inteligibilidade do texto numa situação de comunicação e à capacidade que o receptor do texto tem para calcular o seu sentido. A coerência seria a possibilidade de estabelecer alguma forma de unidade ou relação. Essa unidade é sempre apresentada como uma unidade de sentido no texto.
A coerência é vista também como uma continuidade de sentidos perceptível no texto, resultando numa conexão. Essa conexão não é apenas de tipo lógico e depende de fatores socioculturais diversos, devendo ser vista não só como o resultado de processos cognitivos, operantes entre os usuários, mas também de fatores interpessoais, enfim, tudo o que ser possa ligar a uma dimensão pragmática da coerência.
Como se percebe, a coerência é, ao mesmo tempo, semântica e pragmática; mas, para alguns, embora esses caracteres predominem, a coerência tem também uma dimensão sintática (gramatical, linguística), não se deve deduzir daí que a coerência tenha a ver com a superfície linguística do texto: todos os estudos procuram demonstra que a coerência é profunda, não marcada explicitamente na estrutura de superfície.
A coerência é, basicamente, um princípio de interpretabilidade e compreensão do texto caracterizado por tudo de que o processo ai implicado possa depender. A coerência tem a ver também com a produção do texto à medida que quem o faz quer que seja entendido por seu interlocutor, conforme se supõe pelo princípio de cooperação.
O estudo da coerência poderia ser visto como uma teoria do sentido do texto, dentro de um ponto de vista de