resumo O diálogo inter-religioso na perspectiva do terceiro milênio
O diálogo inter-religioso na perspectiva do terceiro milênio*
Faustino Teixeira**
RESUMO
O diálogo inter-religioso apresenta-se como um dos grandes desafios para o terceiro milênio. Num tempo marcado pelo recrudescimento da violência e da intolerância, o diálogo significa uma possibilidade alternativa. Não há outro caminho possível para a paz no mundo senão mediante o entendimento mútuo e a abertura para a alteridade.
O presente artigo busca traduzir o significado do diálogo no contexto da globalização e suas condições de exercício.
Palavras-chave: Diálogo; Religião; Globalização; Pluralismo; Alteridade; Comunicação.
FALAR EM diálogo inter-religioso na perspectiva do terceiro milênio parece à primeira vista algo bizarro ou improcedente, já que vivemos uma situação histórica caracterizada pela tônica da violência e das crispações identitárias em todos os níveis. Como bem assinala o historiador inglês Eric Hobsbawm (1995, p. 26),
“o velho século não acabou bem”; longe de vivermos uma dinâmica de emancipação, estamos todos envolvidos num “estado de inquietação” generalizado. E o que nos surpreende é que o surto de violência que campeia em nosso tempo vem pontuado ou condicionado pela religião. Somos hoje testemunhas de inúmeros conflitos de “linha de fratura”, ou seja, conflitos comunitários que envolvem Estados ou grupos de civilizações diferentes; conflitos que implicam grupos étnicos distintos ou comunidades religiosas e que tendem a ser perversos e sanguinários já
Horizonte, Belo Horizonte, v. 2, n. 3, p. 19-38, 2º sem. 2003
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Este artigo saiu publicado anteriormente em Convergência,
São Paulo, v. 34, n.
325, set. 1999, p.
433-448.
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PPCIR-UFJF/
ISER-Assessoria.
Pós-Doutor em Teologia – Gregoriana –
Roma.
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Faustino Teixeira
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Um dos traços desses conflitos de linha de fratura é a “limpeza étnica”: “Esses conflitos tendem a ser violentos e cruéis,