NA FRONTEIRA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS
MOVIMENTOS SOCIAIS*
Ilse Scherer-Warren**
Resumo: A realidade dos movimentos sociais é bastante dinâmica e nem sempre as teorizações têm acompanhado esse dinamismo. Com a globalização e a informatização da sociedade, os movimentos sociais em muitos países, inclusive no Brasil e em outros países da
América Latina, tenderam a se diversificar e se complexificar. Por isso, muitas das explicações paradigmáticas ou hegemônicas nos estudos da segunda metade do século XX necessitam de revisões ou atualizações ante a emergência de novos sujeitos sociais ou cenários políticos. Este estudo busca, inicialmente, uma compreensão acerca da nova configuração da sociedade civil organizada, explicitando os múltiplos tipos de ações coletivas do novo milênio.1
A partir desta compreensão, busca-se explorar a diversidade identitária dos sujeitos, a transversalidade nas demandas por direitos, as formas de ativismo e de empoderamento através de articulações em rede e, finalmente, a participação política das organizações em rede. Palavras-chave: movimentos sociais, sociedade civil, redes, cidadania, empoderamento.
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Versão preliminar deste trabalho foi apresentada no VII Corredor das Idéias do Cone
Sul, Unisinos, em agosto de 2005 e no XXV Congresso da Associação LatinoAmericana de Sociologia (ALAS), Porto Alegre, em agosto de 2005.
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Professora do Departamento de Sociologia e Ciência Política da Universidade Federal de Santa Catarina e Coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Movimentos Sociais da mesma universidade.
Artigo recebido em 5 mar. 2006 e aprovado em 13 maio 2006.
Sociedade e Estado, Brasília, v. 21, n.1, p. 109-130, jan./abr. 2006
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Ilse Scherer-Warren
Novos formatos de organização da sociedade civil
Parte-se aqui de uma noção genérica e contemporânea de sociedade civil. De fato, trata-se de um conceito clássico da sociologia política, mas, na atualidade, ele tende a ser utilizado num modelo