Filosofia
( Aurino José Góis – Mestre em Ciências Sociais e Doutorando em Geografia Humanística e Cultural. Pesquisa as religiões de matriz africana. Professor da Pucminas. Email: goisantos@yahoo.com.br)
RESUMO: este artigo se propõe a refletir o tema do fenômeno religioso na perspectiva clássica do itinerário de conhecimento na filosofia, marcada pela passagem do mito ao logos e seu posterior desenvolvimento e enraizamento cultural, denominado de modernidade. Não se trata aqui de fazer um estudo aprofundado, mas panorâmico, de modo que alcance nosso objetivo, a saber, o de situar a crise de sentido experimentada hoje sob as diversas formas, tanto do individualismo como do fundamentalismo insensíveis, ambas indiferentes à dor do Outro enquanto Existência Singular.
I. SER HUMANO _ SER ABERTO À REALIDADE TRANSCENDENTE
O homem é e foi definido sob diferentes perspectivas, ora privilegiando uma dimensão de sua existência, ora privilegiando outra. Desse modo, por exemplo, o homem é definido pela sociologia a partir de sua interação social. " O problema sociológico é sempre a compreensão do que acontece em termos de interação social" (Berger,1986: 47). Do mesmo modo, ele é definido pela psicologia, a partir de sua subjetividade; pela biologia, a partir de sua constituição corporal; pela teologia, a partir de sua relação transcendente. As diferentes perspectivas de definições de homem supra citadas, são definições instrumentais, ou seja, conceituações que servem de base epistemológica para a fundamentação das teorias e práticas dessas ciências. Em outras palavras, são elaborações que privilegiam uma dimensão existencial do ser humano. Todavia, uma definição abrangente do ser humano que busque contemplar a totalidade de seu existir e o seu lugar na ordem do cosmo é a tarefa de uma antropologia filosófica.
A antropologia filosófica é a parte da filosofia que se ocupa do problema do homem ou de responder a questão