Resumo maurizio gnerre
Uma perspectiva histórica A associação entre variedade linguística e o poder da escrita, foi uma operação que deu resposta as exigências políticas e culturais na idade média. Em seu início teve que passar por um processo lexical e sintático, que tinha como língua modelo, o latim. Porém essas mudanças não foram simples, era necesssário a fixação de uma norma constituída pela associação da variedade já estabelecida como língua escrita com a tradicional gramática greco-latina. O pensamento linguístico grego apontou o caminho da elaboração ideológica de legitimação de uma variedade linguística de prestígio. Sendo assim, na expansão colonial ibérica iniciada na segunda metade do séc. XV, os moldes gramaticais greco-latinos foram utilizados para valorizar as variedades linguísticas escritas já associadas com os poderes centrais e com as regiões economicamente mais fortes. Para Portugal e Espanha a afirmação de uma variedade linguística era também sinônimo de afirmação de poder. Em 1536, Fernão de Oliveira na introdução de sua gramática, mencionava a expansão da língua portuguesa entre os povos das terras descobertas e conquistadas, mas tarde João de Barros que considerou o papel da língua portuguesa na expansão colonial; a língua portuguesa foi o instrumento que perpetuou a hegemonia de Portugal, mesmo depois que a colonização acabou. A legitimação é um processo essencial na criação de mitos, assim quando a gramática das línguas românicas foi instituída como um dos instrumentos de legitimação do poder de uma variedade linguística sobre outras, desenvolveu-se toda uma perspectiva ideológica visando justificá-la. O valor do instrumento da linguagem era claramente apreciado no séc. XVI e a construção de aparato mítico-ideológico em torno das línguas de "cultura" foram um empenho sério dos letrados e humanistas; a língua dos gramáticos é um produto elaborado que tem a função de ser uma norma imposta