Linguagem como espelho de uma cultura
A palavra cultura, como muitas outras pode ser tomada em vários significados: opõe-se a barbarismo, trabalho do campo, volume de informações, sinônimo de excelência em letras e artes, erudição (cultura inútil) reverência aos deuses. Tomemos aqui, cultura no seu sentido antropológico; maneira como as pessoas usam os meios naturais para garantir sua sobrevivência, seu conforto, seu prazer. Não se fará nenhum julgamento de valor a priori, quanto à qualidade, estética ou intelectual de arte, literatura etc. Cultura será o conhecimento que a pessoa tem em virtude de ser membro de determinada sociedade. Conhecimento, aqui, envolve o saber prático, quanto a saber se algo deve ser feito de determinada maneira para melhor resultado, independentemente de sua veracidade real. Não se distingue, nesse momento, o saber teórico do saber prático, ou mesmo da chamada superstição. A linguagem é um dos traços culturais adquiridos (a par de outros, religião, conduta etc) em função de o indivíduo pertencer a determinada comunidade, não havendo, para isso, disposição inata, nem limitação física, como acontece com habitação, vestuário etc. O indivíduo não cria a linguagem , faz uso daquela que a sociedade lhe transmitiu. Não há limites nas diversas estruturações lingüísticas. Por outro lado, os vocabulários não são isomórficos. Os esquimós não têm uma palavra para neve; os aborígenes da Austrália só contam até quatro. Mesmo dentro de uma comunidade lingüística, a codificação não é constante nem uniforme. (cara, rosto). Entre duas sociedades, haverá sempre um grau maior ou menor de justaposição. Só podemos codificar aquilo que nos é conhecido. Os próprios recursos do sistema permitem aos falantes aumentar a possibilidade de codificação, quando interessa, ou surge a necessidade, não sendo a língua uma finalidade em si mesma e sim um fator de expressão e comunicação social. É uma pauta sobre a qual se realizam os diversos atos de fala. É,