Resumo Crítico do filme "F for Fake"
(“Verdades e Mentiras”), de Orson Welles, 1973
O conceito que se tem de “autor” seria o indivíduo elaborador, aquele que inova e cria um novo estilo. Já o do falsário, aquele que apenas copia algo que já existe, produzindo uma obra que, se tida como de mesma autoria da original, seria falsa. Entretanto, Orson Welles quis provar que nem sempre há diferença entre o que é verdadeiro e o que é falso, o que assegura valor ao talento do falsário. Elmyr, no filme, apesar de não ter talento para criar um novo estilo com êxito, o tinha para a pintura em si. Se conseguia pintar ao estilo dos grandes pintores renomados, a ponto de não ser possível reconhecer qual pintura seria a original, por que ele teria menos mérito como pintor?
Se um expert, que se intitula um especialista em obras de arte, atesta determinada falsificação como autêntica, quem está realmente sendo falso: o que fez uma obra digna de um mestre, ou o que não tem capacidade para realizar aquilo que afirma poder? Se experts se autoafirmam desta forma, mas não o são (atestando como verdadeiro algo que não o é), eles também são tanto ou mais falsários que os próprios “falsários”.
Os especialistas em grafologia que analisaram a possível letra e assinatura do milionário Howard Hughes, falsificadas por Clifford Irving, as definiram como autênticas. Estando equivocados e produzindo, portanto, uma mentira, igualam-se ao falsificador Irving. E, para reflexão: se tudo que Clifford escreveu sobre Hughes fosse verdade, será que teria tanta importância a biografia ser autorizada ou não? (É claro que receber cheques destinados a Hughes foi uma contravenção, e não está nesse contexto).
Mais a respeito do assunto inicial, sobre o talento do falsário poder ser considerado de mesmo nível que o do autor renomado a quem ele “imita”, cabe falar a respeito da indústria da Arte. Elmyr de Hory, no início de sua carreira, produzia pinturas próprias, mas não teve sucesso, por não ter