Resumo chiavenato
AGUINALDO PAVÃO
Universidade Estadual de Londrina aguinaldo.pavao@uol.com.br Resumo: Para Bruch (La Philosophie Religieuse de Kant), a teoria do mal não é de modo algum indispensável às tarefas da Fundamentação e da Crítica da Razão Prática, pois estas obras conteriam apenas a introdução crítica da moral de Kant, cuja tarefa seria justificar abstratamente o estatuto do julgamento moral. De acordo com Bruch, embora a teoria kantiana do mal tenha sido elaborada com conceitos da filosofia prática, ela pertence na verdade à filosofia da religião. Para o comentarista, o mal seria uma noção comandada por uma convicção de ordem religiosa. “A teoria do mal radical não é uma dedução a priori: ela se funda sobre uma convicção de essência religiosa, a uma distância igual ado otimismo racionalista e do maniqueísmo, isto é, uma convicção de essência e de origem cristã” (La Philosophie Religieuse de Kant, p. 42). Sendo assim, o mal seria necessariamente um ponto de partida que demandaria uma teoria da conversão, que por sua vez reclamaria uma teoria da graça, chegando, desse modo, “ao coração da religião revelada, e aos confins do domínio da razão” (Id, p. 43). Contra essa interpretação defenderei que o fato de o mal estar ligado, em Kant, a questões da filosofia da religião não é suficiente para afastar a possibilidade de entender o mal radical, antes de tudo, como um conceito a priori, pertencente à filosofia moral. A meu ver, uma leitura religiosa é deficiente, pois não percebe que a doutrina do mal radical está, no fundo, a responder problemas internos ao domínio crítico da filosofia moral de Kant. Apresentarei argumentos a fim de qualificar a tese de que o mal radical é, sobretudo, uma exigência da própria reflexão de Kant sobre a liberdade e não primariamente uma peça da reflexão religiosa sobre a graça e a conversão moral.
Palavras-chave: mal radical, liberdade, religião, vontade,