Resumo artigo
A temática Inserção na comunidade pressupõe que, necessariamente, estejamos falando de uma relação que se estabelece entre dois pólos. De um lado, há o profissional de psicologia, com sua formação e os conhecimentos adquiridos, com os instrumentais que aprendeu e adotou como recursos para os seus trabalhos, e com a sua visão sobre o mundo e o homem. De outro, encontra-se a comunidade, os setores da população, com sua dinâmica e características próprias, inserida em um contexto sócio-político-geográfico, e vivendo em um tempo histórico determinado. Esta comunidade vive uma conjunção de forças, pressões e desafios das mais diferentes naturezas. Considerando-se o processo de inserção tentemos recuperar, a partir da experiência, as posibilidades que têm sido construídas nessa relação psicólogo e comunidade. Os trabalhos desenvolvidos em comunidade, nestas três últimas décadas, têm mostrado modos de inserção e preocupações, com o seu desenvolvimento diferentes (Freitas,1986,1994ª, 1996ª;Montero, 1994).
Especialmente na década de 70, em que os profissionais inseriam-se nos bairros de periferia e favelas dos grandes centros, tentando negar sua origem cultural e classe, era importante fazer algo, colaborar para a organização e mobilização dos setores oprimidos ( Andery, 1984; Freitas, 1986; Lane & Sawaia, 1991). Como e com que instrumentais constituiam-se em questões, na época, de importância secundária. Tratava-se de uma inserção guiada por uma preocupação de que o trabalho estivesse voltado para a militância e participação políticas. Houve, e continua havendo, uma forma de se inserir com apelos a um trabalho de caridade e voltado para os mais desfavorecidos. A maneira de contatar, entrar e conhecer a população reveste-se da necessidade de serem oferecidos vários serviços, como por exemplo alguma forma de atendimento psicológico mais acessível ou gratuito, para a melhoria das