Resiliência
José Claret Leite Cintra
Uma das formas de ajudarmos a criança e o adolescente a encontrarem um sentido para suas vidas, forma cada vez mais conhecida hoje, é ajudá-los a descobrir em si mesmos a resiliência de que são portadores e a desenvolver esta capacidade de vencer os percalços.
Mas o que é resiliência?
A resiliência é “a capacidade de uma pessoa fazer bem as coisas, apesar das condições adversas da vida”. Isso implica uma capacidade de resistência e uma faculdade de construção positiva. É provável que a resiliência, enquanto realidade humana, seja tão antiga quanto à própria humanidade. Afinal de contas, ela tem sido a única forma de sobrevivência para os pobres e os oprimidos. Eles tiveram que ser resilientes, de uma forma ou de outra, ainda que lhes faltasse conceitos para descrevê-la.
Se uma criança se encontra angustiada por problemas relacionados ao fato de seu pai ser alcoólico, isso significa que todos os filhos de pais alcoólicos tenham problemas? Logicamente, a resposta é não, visto que alguns filhos de pais alcoólicos se saem muito bem na vida. Essa simples assimetria, longe de justificar o alcoolismo dos pais, nos ensina algo que se costuma passar por cima, porque a atenção dos cientistas e profissionais da assistência social concentra-se, amiúde, na criança-problema, fazendo com que percamos os ensinamentos que podemos tirar da criança-forte.
Mas, porque algumas crianças conseguem se sentir bem e fortes, apesar dos percalços e das dificuldades que enfrentam? Porque algumas crianças dos grupos de risco não desenvolvem o problema a que estão expostas? Que ensinamentos tirar dessas crianças resilientes, para prevenir e intervir em outras menos afortunadas? É possível detectar, nas denominadas crianças-problema, âmbitos potenciais de resistência que possam ser dinamizadores ou revitalizadores?
Todas essas perguntas nos levam a modificar nossa perspectiva atual. Em vez de nos determos nos pontos débeis e deficientes e no modo de