Resgate da Causa Nobre Revista Banas 2008
Dalton Oswaldo Buccelli*
A grande preocupação com qualidade de produtos, serviços e processos nas empresas brasileiras coincidiu com o período de construção das hidroelétricas e termoelétricas, culminando com a entrada do Brasil no círculo seleto de países com tecnologia nuclear. A introdução de sistemas de garantia da qualidade nos fabricantes dos componentes utilizados nas usinas hidroelétricas de Itaipu e Tucurui e nas nucleares de Angra dos Reis marcou a adoção de normas militares e internacionais que precederam as normas da série ISO 9000. Trabalho nessa área desde recém formado em engenharia mecânica e pude vivenciar a evolução tecnológica da indústria nacional de base e do conhecimento profissional que aqui se desenvolveu.
Porém, no início dos anos 80, quando montadoras, fabricantes de autopeças e empresas de bens de consumo do Japão
“inundaram” os Estados Unidos e os demais países do Ocidente com seus produtos, a qualidade transformou-se em condição básica para a sobrevivência das empresas dos mais diversos setores produtivos, em termos de produtividade e competitividade. No Brasil o movimento pela qualidade era incipiente. O resultado disso é que, enquanto alguns setores já começavam a se tornar competitivos, cortando gastos e otimizando a produtividade, outros ainda permaneciam atolados no lamaçal do desperdício. Atuando como diretor de uma grande empresa de consultoria internacional, fui um dos responsáveis por realizar uma pesquisa sobre os níveis de qualidade e produtividade que prevaleciam naquela época na Ásia, América do Norte,
Europa e América Latina. O valor do desperdício da indústria brasileira durante a década de 80 rondava a casa dos
US$50bilhões/ano e a margem de perdas atingia espantosos 40% do produto industrial bruto. Tal custo era repassado, naturalmente, para o preço final dos bens e serviços. Nesse período, elevadas taxas criavam barreiras à importação de
produtos