resenha
Em Macunaíma nota-se uma análise critica de “o que é ser brasileiro?” e “qual o estereótipo do homem brasileiro?”. O protagonista é um típico personagem que retrata a imagem do brasileiro, considerado pelo autor, um herói sem nenhum caráter. Ele tem justamente as características opostas do que é considerado um herói, é preguiçoso, mentiroso e malandro. Uma frase que ele fala várias vezes é “ai que preguiça”, a obra quer nos mostrar que os brasileiros não são perfeitos, mas são cheios de defeitos e malandragens. Mário de Andrade dentro do contexto da década de 20 queria mostrar o Brasil como uma nação de forma própria, conquistando nossa individualidade e cultura, ele faz uma junção das características raciais do povo brasileiro, ou seja, índio, negro e branco em um só, isto é, o próprio Macunaíma. Macunaíma compõe sua rapsódia reunindo lendas, folclores, crendices, costumes, comidas, luxos etc. tratando de diversos problemas brasileiros, como a falta de uma definição de herói nacional e importação de modelos socioculturais e econômicos.
Todas essas intenções “macunaímicas” tomam por base conceitos e raça e cultura, reunindo os três tipos fundamentais da raça brasileira: índio, negro e branco. “Macunaíma” é, portanto, uma tentativa de construção do retrato do povo brasileiro. Antes, no Romantismo o herói era considerado perseverante e encontra suas motivações nos valores da ética e da moral, já em Macunaíma, além de indolente, conduz a maioria de seus atos movidos pelo prazer terreno, mundano. É “o herói sem nenhum caráter” e sem um caráter definido.