Resenha

Til

Til, obra de José de Alencar, é um romance que se divide em tempos e sentimentos diferentes. O escritor foca sua narração rica em detalhes em costumes culturais do interior de São Paulo, Campinas, onde se passa a história.
O romance espelha-se nas contradições de hábitos e sensações dos personagens, Berta com seu caráter amável compreensivo, sólido, piedoso detalhado e esculpido sem exageros por Alencar; Jão Fera, o estúpido, rústico que guarda suas angústias e seu rancor e hostiliza à todos, menos a Berta sua protegida.
Os mistérios da Obra prosseguem até o fim. Causando ansiedade ao passo de descobrimento que o leitor se depara junto aos personagens.
Tudo se inicia com o nascer de uma manhã:
"Sete horas da manhã haviam de ser. A luz de um sol esplêndido fluía no éter, que a trovoada da véspera tinha acendrado".E termina ao pôr do Sol:"Qual o sol escondeu-se além, na cúpula da floresta, Berta ergueu-se ao doce lume do crepúsculo, e com os olhos engolfados na primeira estrela, rezou o Ave-Maria , que repetiam, ajoelhados a seus pés, o idiota, a louca e o facínora remido"
A diferença notada nestes dois momentos, é a clareza e transparência da protagonista Berta, do qual se revela inocente, pura e imatura no começo, e no fim, termina declarando sua real utilidade e trabalho na vida das pessoas próximas a ela:
"[...] a alma de Berta fora criada para perfumar os abismos da miséria, que se cavam nas almas, subvertidas pela desgraça."
Com o elo construído entre leitor e escritor explícito na obra, Machado de Assis (conhecido de José de Alencar), reconheceu o grande valor do amigo e acertou nos dizeres:
"José de Alencar escreveu as páginas que todos lemos, e que há de ler a geração futura. O futuro não se engana."
O livro é dividido em duas partes. A primeira serve como apresentação das personagens e das tramas, pode ser um pouco cansativa e é ideal que seja lida com atenção e calma. Conhecemos Berta, a protagonista e ótima representação de heroína