RESENHA O SER DA COMPREENSÃO
1 Por que não a fenomenologia O presente trabalho originou-se da necessidade de propor um embasamento para a atuação do psicólogo que se especializou na área de psicodiagnóstico. A primeira proposta é precisamente a de procurar algum embasamento fora do quadro psicopatológico. O proposito interessa especificamente ao campo do psicodiagnóstico. No entanto, falta competência para tratar da psicoterapia e parece possível pensar um sem a outra, já que a ação de estabelecer o diagnóstico, isto é, identificar e explicitar o modo de existência do sujeito, no seu relacionamento com o ambiente, em determinado momento, não implica necessariamente qualquer espécie de intervenção, nem encaminhamento obrigatório para algum tipo de tratamento. A filiação psicopatológica e a influência psicanalítica propõe ao psicólogo clinico uma linguagem toda eivada de implicações patológicas. Ao mesmo tempo ocorre, sob a influência da antipsiquiatria, o esvaziamento do conceito de doente mental. Mediante um deslizamento que confunde respaldo teórico com preconceitos ideológicos, cria-se então o que pode-se chamar de má consciência da normalidade. O normal é aquele que supera os conflitos criando-se dentro de sua liberdade, atendendo igualmente as coações da realidade. Patológico é o momento em que o individuo permanece preso à mesma estrutura, sem mudança. Nessa perspectiva, estabelecer o diagnostico é identificar em que ponto desse processo encontra-se o individuo, detectar as eventuais áreas de parada ou de desordem, e avaliar as suas possibilidades de expansão e de criação. Estará longe este diagnóstico da simples rotulagem, mas escapará da pura descrição das tensões internas que se perde no vazio das intervenções estereotipadas.
2 A situação
Querendo definir a situação existencial do homem precisamos encontrar subsídios que estabeleçam uma compreensão psicológica do individuo que, na medida do possível, abstraia as teorias que, implícita ou