Resenha - o gladiador
Um Western Americano Na Velha Itália
A releitura do filme de Ridley Scott demonstra quão cínico e desonesto pode ser um filme que embute em seu enredo superficiais lições de trabalho em equipe, liderança, persistência e determinação, par e passo com a inveja do vilão e a principal motivação do mocinho: vingança.
A GALHOFADA HISTÓRICA
O filme parte de um contexto histórico manipulado e, conseqüentemente, falso. Retrata pobremente a terceira e última etapa da civilização romana, onde se consolida o modo de produção escravista, que persiste até o século III, quando problemas estruturais aprofundam a crise do escravismo e, por fim, levam à derrocada de todo o Império. As invasões bárbaras, que culminam com a tomada de Roma pelos ostrogodos, lhe fornecem apenas uma definitiva e mais que esperada pá de cal.
O filme reproduz o Baixo Império, focando o fim do governo de Marcus Aurelius (161-180), tendo como marco principal o Coliseu, que abrigava até 100 mil pessoas, sendo utilizado para combate de gladiadores e, também, para o martírio de inúmeros cristãos.
A diminuição do afluxo de riquezas, agravada pela falta de mão-de-obra escrava, além da corrupção, principalmente nos altos cargos do Império, caracterizam a crise que se reflete com divisões políticas e com a própria difusão do cristianismo.
O filme insere-se superficialmente neste processo de crise do Império Romano quando, durante o governo do imperador Marcus Aurelius, iniciam-se as invasões bárbaras que irão se estender até a queda de Roma em 476.
Marcus Aurelius consolidou a centralização administrativa e hierárquica das funções, interpretando as leis com um sentido mais humanitário, ainda que não poupando os cristãos de terríveis perseguições. Enfrentou também uma peste, que agravou ainda mais os problemas sociais e que, segundo consta, lhe pos termo à própria vida. Conduziu pessoalmente as campanhas do Danúbio e a paz foi assinada em 175, quando os