Resenha - A terra dos meninos pelados
No lugar imaginado, Tatipirun, não há noite, não há chuva nem casas e nem adultos. Os morros se aplainam para se poder passar sobre eles e os rios fecham as margens. Os animais que não são humanos falam, as cobras não mordem. Além desses, os outros meninos, diferentemente dos da rua de Raimundo têm todos a cabeça pelada e um olho preto e outro azul.
No entanto, como Raimundo começa a perceber após algum tempo, igualar as diferenças não é uma questão simples, e, de diversas maneiras, impossível. Ainda assim, se as semelhanças mais gritantes forem aplainadas, homogeneizadas, ainda assim sobraria espaço para as diferenças individuais. A começar pelo próprio nome e pela forma de identificação. Durante o livro, as demais crianças estranham o fato de Raimundo ter preferido manter o nome com o qual chegou em Tatipirun: sugeriram-lhe que mudasse para algo como Pirundo ou Mundéu (inclusive chamando-o por esses nomes mesmo sem consentimento), mas Raimundo preferiu manter o nome.
Todos os meninos pelados têm um olho azul e outro preto, mas isso está longe de definir cada um além do grupo. Há Fringo, o menino negro, Talima, Pirenco, o menino sardento, o anão (que, inclusive, sugere um descuido do autor com o personagem, infantilizando-o) e Caralâmpia, a menina que virou princesa. Todos tem um percurso anterior, uma história de vida singular, todos têm aspirações distintas. Todos se comportam como crianças, descontado