Vidas secas
O romance Vidas Secas foi publicado em 1938; a obra aborda a problemática da seca e da opressão social. Retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas pela seca. A obra pertence à segunda fase modernista, conhecida como regionalista, e é qualificada como uma das mais bem-sucedidas criações da época.
Falar de Vidas Secas representa enfrentar uma complexidade que não se pode encontrar em qualquer obra. Trata-se na verdade de um romance onde não somente a terra é considerada seca, mas também os sentimentos, os sonhos, as pessoas, as relações entre as pessoas, as vidas, enfim, tudo o quanto vem a existir neste “universo paralelo” criado por Graciliano Ramos tornar-se árido e infrutífero.
O romance tem um caráter fragmentário, ou seja, apresenta "quadros", episódios que acabam se interligando com uma certa autonomia. Como coloca o crítico Affonso Romano de Sant'Anna - Estamos sem dúvida, diante de uma obra singular onde os personagens não passam de figurantes, onde a estória é secundária e onde o próprio arranjo dos capítulos do livro obedecem a um critério aleatório. Mesmo com essa estrutura descontínua, há uma proximidade entre o primeiro capítulo :Mudança- a chegada de uma família de retirantes - e o último : Fuga - a mudança da família que, diante da seca, foge para o sul. Esse caráter mostra que o romance é cíclico, onde o mundo se fecha para a família de Fabiano, saindo de uma mera classificação regionalista para mostrar o drama que o Homem sofre com a opressão do mundo.
A obra se insere na segunda fase do Modernismo brasileiro, que compreende as décadas de 1930 e 1940, período em que o Brasil e o mundo viviam profundas crises, pleno período de vigência do Estado Novo. O mundo, em virtude da crise da Bolsa de Nova Iorque, do combate ao comunismo e do nazi fascismo – que desencadearão a II Guerra Mundial; o Brasil, principalmente em razão da crise cafeeira.