Resenha "A Onda"

A acolhida perigosa da Onda
"A Onda" é um filme alemão produzido no ano de 2008 e dirigido por Dennis Gansel. O longa-metragem é baseado em um acontecimento real e retrata o cotidiano de uma turma de ensino médio e de Rainer Wegner, um professor da disciplina de Autocracia que tenta demonstrar através de um experimento direto a facilidade com que um regime totalitário pode se instaurar novamente na Alemanha do século XXI.
A ideia inicial de Wegner é fazer com que os alunos adquiram uma postura crítica incentivada pelos comportamentos que impõe a eles, o que é discordado no primeiro momento por alguns alunos, mas tem a posterior aceitação de grande parte da turma. O movimento é então chamado de "A Onda" e tem por princípio o senso de comunidade com identificação em itens típicos de regimes totalitários, como a escolha de um líder, a uniformização, o reconhecimento através de um símbolo, cumprimento exclusivo e repressão a quem vai contra à ideologia do grupo.
A euforia por parte dos componentes da "Onda" é tanta que acaba tirando o controle do movimento das mãos de Wegner. Alunos que antes eram tímidos e exemplares viam, na segurança do grupo, a oportunidade de praticar atos de vandalismo, violência e repressão. Tais ações e suas respectivas repercussões forçam Wegner a acabar com o grupo, o que causa aversão nos alunos e dá um final trágico ao filme.
"A Onda" nada mais é do que uma crítica clara à alienação resultada da manipulação do pensamento alheio. As semelhanças com o regime nazista são perceptíveis desde o primeiro momento, mas tornam-se quase palpáveis quando vemos, passo-a-passo, o processo de despersonalização e da abdicação da identidade dos jovens em prol da ideologia de um grupo. O coletivo, mesmo que com atitudes fora da lei ou do senso comum, dá a cada um dos membros a segurança e a possibilidade de afirmação, tudo o queremos na simples condição de seres humanos quando estamos frágeis ou desestabilizados.