Resenha a arte de escrever um jornal diario
Louise de Almeida
Ele já foi menino, entrou na puberdade, criou músculos, influenciou, experimentou. Amadureceu como adulto e agora parece entrar na velhice: seu vigor, capacidade e virtude parecem esgotados. Jornalismo, uma profissão de fases, seria este o seu fim? “A arte de fazer um jornal diário” é um envolvente livro a respeito do jornalismo. Ricardo Noblat o escreveu com 40 anos de trabalho no ramo. Adquiriu tal experiência como blogueiro, colunista do jornal O GLOBO e diretor de redação do CORREIO BRAZILIENSE . Por isso, pôde defender através desta obra, o jornalismo responsável e verdadeiramente informativo. No começo do livro, Noblat reflete sobre que uma crise atinge a mídia impressa: o consumo de jornais diminuiu 12% entre 1997 e 2000. Dentre outros fatores, isto ocorre devido à má administração dos donos das empresas dos jornais e da insistência dos jornalistas em produzir um modelo de jornal desagradável às pessoas. Os jornais dispõem de assuntos que estão muito mais de acordo com o gosto dos jornalistas do que dos leitores. Enquanto esse conteúdo não mudar, mais rápido será o sepultamento do jornal impresso. “É o conteúdo que vende o jornal.” afirma Noblat, mediante seus anos de experiência. Logo, o jornalismo não é um trabalho exclusivo dos jornalistas, mas inclui os leitores também, pois estes retêm o poder de compra e podem conferir a credibilidade capaz de dar sucesso ao jornal. No capítulo II, Ricardo ressalta a responsabilidade que todo o jornal tem: o de ser um espelho da consciência crítica da sociedade em um período de tempo. O jornal deve servir aos valores éticos de uma sociedade tais como liberdade, igualdade social e o respeito aos direitos humanos. No entanto, muitos jornais abdicam desses valores por causa das leis do mercado e não investe no real jornalismo informativo, revelando compromisso com os leitores. Ele não pode ser visto como um mero negócio lucrativo,