Resenha wilson cano, introdução à economia

Os modelos simplificados de economias locais apresentados nos capítulos anteriores são agora inseridos no cenário internacional de forma que se faz impossível omitir detalhes históricos, conjunturais e características particulares de cada país sem comprometer o entendimento completo de suas dinâmicas. Essa interdependência muitas vezes conflituosa desmente o pressuposto de que as relações de produção, distribuição e consumo fluem através da história de forma harmônica, e expõe as limitações dos modelos econômicos clássicos que, contemporâneos à fase incipiente do capitalismo, submetiam a Economia às dinâmicas das ciências naturais afirmando tendências espontâneas ao equilíbrio. De uma certa forma, pode-se dizer que o capitalismo jamais superou a essência de troca de inequivalências típica do capital comercial da Idade Moderna, apenas adequou às novas formas de produção e circulação as imposições de critérios de valor que são, em última instância, a expressão das hegemonias globais e da marginalização das economias periféricas às suas órbitas. O conceito de divisa em si evidencia esse contexto de assimetrias em que as trocas internacionais ocorrem, uma vez que as disparidades de aceitação entre as moedas locais no mercado internacional são a manifestação de poderios globais estabelecidos pela concorrência, exploração do trabalho e guerras engendradas pelo próprio sistema capitalista. Partindo de diretrizes de forte teor liberal no século XIX, o comércio internacional foi aos poucos (e contraditoriamente) regendo-se por ações protecionistas e unilaterais conforme os países iam-se estabelecendo como potências capazes de fazer frente ao parque industrial britânico, levando o mundo a duas guerras mundiais e uma crise geral das economias no início do século XX. Surge a necessidade de mecanismos de controle, implementados por órgãos internacionais controlados pelos interesses dos países centrais. Cai o resquício mercantilista do padrão-ouro, mas a nova ordem