RESENHA: USOS E ABUSOS D CONCEITO DE TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA
Carmem Teresa Gabriel.¹
Débora Salles dos S. Pinto.²
A autora, primeiramente, apresenta em seu texto os motivos pelos quais ela o escreve: a atual discussão sobre a dimensão cognitiva do processo de ensino-aprendizagem, no caso, na disciplina de história e os riscos à banalização do conceito de “transposição didática”. Sobre o ensino de história, a autora questiona como a “tradição” e o arcaísmo continuam em voga apesar dos esforços dos “atores” (profissionais da educação) para que essa posição se modifique e passe a dialogar com as demandas sociopolíticas e culturais da sociedade atual do Brasil. Questiona também se realmente há uma vontade política (do Estado) para que essas mudanças ocorram, e ainda se os autores dos livros didáticos conseguiriam dar conta dos interesses de mercado concomitante às novas concepções de renovação do saber escolar. Além desses, um questionamento bastante importante está relacionado ao professor, na sua formação e na sua capacidade de interação às novas propostas de ensino. Diante desses levantamentos, C. Gabriel expõe, dentre outros, os conceitos de transposição didática, de noosfera e de funcionamento didático segundo Chevallard. De acordo com esse autor, o funcionamento didático se dá pela interação entre professor-saber-aluno, o que é uma “novidade” para o sistema didático já que este se atinha somente aos dois extremos (ensino-aprendizagem) e passou a valorar o saber (conhecimento). Para que haja realmente essa interação, se faz necessário o cumprimento de algumas condições impostas pela prática pedagógica, dentre elas está a de transposição didática que deve ser pensada metodologicamente. Segundo a autora:
[...] o termo “transposição” não traduz bem a ideia de transformação, que ele [Chevallard] pretende nomear, de outro, tem o mérito de pressupor, logo de saída, o reconhecimento de um distanciamento obrigatório entre os diferentes saberes, o que não