Resenha - "Um Antropólogo em Marte"
599 palavras
3 páginas
“Um antropólogo em Marte” é uma coletânea de sete histórias com casos clínicos contatos por Oliver Sacks, neurologista, exemplificando o cotidiano de seus pacientes. No capítulo “Ver e não ver”, Sacks relata o caso de Virgil, cego desde os três anos, volta a enxergar aos 50, após ser submetido à cirurgia de remoção da catarata, percebendo que sua retina ainda funcionava. Antes da cirurgia, Virgil “enxergava” apenas pelo tato, possuindo noção do tempo. O processo pós-cirurgia, além de toda a descoberta, desencadeou certo pesar, pois enxergava, mas seu cérebro não tinha noção de espaço. Assim, enxergava de fato, somente ao tocar os objetos. A falta de memória visual impossibilitava Virgil de identificar o que estava vendo. Enxergar o objeto como um todo também era complicado, pois via somente partes soltas com dificuldade de imaginar como tais partes se encaixavam, formando um único objeto. A necessidade de Virgil em tocar para reconhecer, é como se o sentido tato tivesse absorvido as características da visão. Na ausência da visão, os outros sentidos se desenvolveram, inibindo em seu cérebro, a parte responsável pela visão. A visão é um sentido complexo, por isso, o processo de aprendizagem leva anos. São muitas etapas envolvidas, aliás, metade do nosso córtex cerebral é dedicada à visão e seus processos. Oliver Sacks acreditava que nosso mundo é constituído através de experiências armazenadas na memória. Sendo assim, o que vemos diariamente não é algo novo, aprendemos a vê-lo. Já Virgil não tinha lembranças ou experiências que o levasse a reconhecer determinados objetos e momentos. Skinner, psicólogo americano, concordava com Sacks e dizia:
“Uma pessoa não é um espectador indiferente a absorver o mundo como uma esponja. (...) Não estamos simplesmente “cientes” do mundo ao nosso redor;