resenha - um antropólogo em Marte

O livro “Um Antropólogo em Marte” de Oliver Sacks fala sobre sete histórias paradoxais que são realmente paradoxos clínicos. Sacks acompanha esses e conhece a vida dessas pessoas que passam por situações muitas vezes inimagináveis, mas conseguem superar diversas adversidades. No capítulo “Uma vida de Cirurgião”, é narrado um caso da Síndrome de Tourette, um distúrbio neuropsiquiátrico caracterizado por tiques múltiplos (como casos de grunhidos, crispações, caretas, estranhos gestos e blasfêmias e xingamentos involuntários), motores ou vocais, que persistem por mais de um ano e geralmente se instalam na infância. Essa síndrome foi definida por Georges Gilles de la Tourette, em 1885, um neurologista francês que juntou relatos de seus pacientes. É uma doença que deve ser vista pela perspectiva interior, existencial da própria pessoa afetada, unindo os aspectos biológicos, psicológico e sócio-moral.
Sacks dizia acreditar que certas profissões seriam impossibilitadas para essa síndrome – como a de um cirurgião – e essa crença dele se alterou ao conhecer 5 cirurgiões com essa doença. Um deles era o Dr. Carlos Benett que causou estranheza a Sacks pelos seus estranhos tiques. Como ele poderá se controlar e se concentrar em uma cirurgia se aparentemente os espasmos de sua Síndrome de Tourette são involuntários e incontroláveis? Benett convidou Sacks para acompanhá-lo em suas atividades hospitalares. O autor foi inicialmente na casa do cirugião e pode presenciar seus inúmeros tiques, como toques compulsivos na cúpula de vidro da lâmpada sobre sua cabeça. Tinha que bater suavemente com as unhas dos dois indicadores no vidro para “produzir um estalido agudo, quase musical, ou, vez por outra, uma breve salva de estalidos”. Um terço do seu tempo era ocupado por esses tiques, que parecia incapaz de interromper. Outra expressão da síndrome de Tourette em Bennet - bastante diferente do toque repentino, impulsivo e compulsivo - é uma pressão vagarosa e quase sensual com o pé para