resenha técnicas corporais
Mauss: as “técnicas corporais” e a crítica da antropologia histórica ao método comparativo em antropologia Marcel Mauss, no clássico estudo de 1936139, que vem a consistir num marco da etnologia (também conhecida como antropologia cultural), intitulado “As técnicas corporais”, trata de um campo de práticas sociais específico que ele vai batizar, conforma o título, como técnicas corporais, e que ele afirma constituir um fato fisio-psico-sociológico. Com isso Mauss mostra aliança com o sistemismo avant-la lettre, conforme podemos ver quando conclui que não se poderia ter uma “visão clara de todos os fatos se não se introduzisse uma tríplice consideração em lugar de uma única consideração, quer fosse ela mecânica e física, como em uma teoria anatômica do andar, quer fosse, ao contrário, psicológica ou sociológica.” E ainda: “É o tríplice ponto de vista ... que é necessário.”
Mauss, de seu lugar de etnólogo, afirma a redução das semelhanças do uso do corpo encontradas entre culturas puramente ao âmbito da dimensão fisiológica, 139MAUSS,M.- texto original extraído do Journal de Psychologie, XXXII, nos 3-4, 15 de março – 15 de abril de 1936. Comunicação apresentada à Société de Psychologie em 17 de maio de 1934, (p. 215 da edição de 1974). 5. Contribuições Cruzadas sobre “técnicas corporais” e “expressão de emoções” 120sendo todo o resto resultado de técnicas transmitidas tradicionalmente e transformadas parcialmente no decorrer do tempo.
Mauss, então considera estar oferecendo uma rubrica própria – “técnicas corporais” – a uma prática social definida como: ato social eficaz, transmitido tradicionalmente, e considerando que é na tradição e na transmissão, especialmente oral, que se faz a diferenciação do humano com os outros animais Estes atos eficazes, constitutivos das práticas sociais, e que Mauss ressalta constituírem, mais amplamente, fatos biopsicossociais são apresentados em conjuntos como: nadar, andar, cavar, marchar, olhar