Resenha sobre o Primeiro Ensaio Sobre a Teoria da Sexualidade de Freud
Freud, em seu primeiro ensaio, ressalta os desvios com respeito ao objeto sexual. O primeiro desvio descrito foi a Inversão. A Inversão caracteriza-se por pessoas “de sexo contrário”, ou melhor, “invertidas”, isto é, homens cujo objeto sexual não é a mulher, mas o homem, e mulheres cujo objeto sexual é a própria mulher. Os invertidos apresentam um comportamento variado no juízo que fazem acerca de sua pulsão sexual. Alguns aceitam a inversão com naturalidade, enquanto outros rebelam-se contra ela e a sentem como uma compulsão patológica.
No que concerne às relações temporais, a Inversão pode se manifestar no indivíduo de longa data ou só se ter feito notar em determinada época, como antes ou após a puberdade. Além disso, ela pode conservar-se durante toda a vida, ou ser temporariamente suspenso, ou ainda constituir um episódio no caminho para o desenvolvimento normal, podendo até mesmo exteriorizar-se somente após um longo período de atividade sexual normal. Essa exteriorização tardia muitas vezes é ocasionada devido a alguma experiência penosa com o objeto sexual normal.
A princípio, a Inversão foi concebida como se tratando de um sinal inato de degeneração nervosa, uma vez que observadores médicos depararam com ela pela primeira vez em doentes nervosos ou pessoas que davam a impressão de sê-lo. Essa caracterização contém dois elementos que devem ser analisados separadamente: a degeneração e o caráter inato.
É comum fazer-se uso indiscriminado da Degeneração, imputando à ela todos os tipos de manifestação patológica que não sejam de origem diretamente traumática ou infecciosa. No entanto, parece mais oportuno falar em Degeneração apenas nos casos em que houver uma conjugação de muitos desvios graves em relação à norma ou que a capacidade de funcionamento e de sobrevivência pareça gravemente prejudicada.
Sendo assim, no sentido legítimo da palavra, vários fatores permitem verificar que os invertidos não são degenerados, como, por