Resenha sobre o hipertexto
Num momento em que a divulgação de pesquisas científicas na área de Letras nem sempre acompanha a rapidez com que elas se desenvolvem no meio acadêmico, chama a atenção o fato de o livro Hipertexto e gêneros digitais conseguir abordar um tema tão recente e atual, que vem preocupando alguns lingüistas: os estudos sobre os chamados gêneros digitais. Termos como e-mail, blog, chat e link, por exemplo, têm se tornado comuns atualmente, ao mesmo tempo em que se discute, no âmbito público e privado, a democratização do acesso à informática. Entretanto, pouca atenção vinha sendo dada ao material textual produzido nos contatos via computador.
Já há algum tempo, trabalhos esparsos, publicados em revistas especializadas, vinham analisando alguns desses textos, mas, pela primeira vez, apresentam-se pesquisas sobre o tema em um só livro. Os nove artigos são de autoria de mestres e doutores em Lingüística, das regiões sudeste e nordeste, de linhas teóricas nem sempre convergentes, mas com abordagens pontos de vista que apontam para a pluralidade de análise dos gêneros digitais, o que já vale a leitura. Destaque-se, aliás, a qualidade da editoração do livro e a ampla bibliografia, que instiga a busca por mais pesquisas sobre o tema, seguida de um índice remissivo que auxilia a leitura.
A primeira questão abordada no livro, organizado pelos professores Luiz Antonio Marcuschi e Antônio Carlos Xavier, refere-se ao status textual do material produzido por toda essa tecnologia digital com a qual temos contato. Misto de oralidade e escrita, materializados em textos produzidos para interlocução em tempo real, mas com contato mediado pelo computador e respostas nem sempre imediatas, os gêneros digitais destacam-se pela pluralidade de usos e pelo ainda desconhecimento das estruturas subjacentesà construção textual. Essas peculiaridades caracterizam, por exemplo, os emails, chats e blogs – primeiros textos analisados no livro.
Os chamados gêneros textuais emergentes, na