Resenha sobre o filme

Capítulo 2: Prazer e contradição
Aspectos da Construção Segregadora dos Territórios de Lazer

Não há dúvida de que a recreação tem-se projetado como uma das mais promissoras atividades sociais do atual momento histórico. Tal fato é revelado não somente pelas gigantescas somas financeiras acumuladas por esse setor produtivo, mas, sobretudo pela crescente introdução do lazer na vida das pessoas, que na voz de RODRIGUES (1997:26) constitui uma estratégia de criação de uma nova “necessidade social”, incorporada cada vez mais “artificialmente” ao rol das necessidades vitais das sociedades. Não se sabe ao certo quando a recreação começou a fazer parte da vida das pessoas como uma atividade planejada. Ao que parece, isto se deu já na Antiguidade, quando o tempo de descanso foi percebido como uma necessidade social, momento em que algumas atividades destinadas ao repouso, ao prazer e à reposição de energias físicas começaram a se projetar. A esse respeito, YURGEL (1983:05) chegou a afirmar que “a conquista do tempo livre, para o homem primitivo, perde-se no fundo da história da humanidade, em seus pormenores”. Para fins desta análise, optou-se por considerar a palavra lazer como expressão das atividades de diversão. Dessa forma, o tempo livre, ao contrário das proposições de YURGEL (1983), não pode ser entendido como sinônimo de lazer, pois o tempo da religião, o da satisfação das necessidades fisiológicas, o da família, entre outros exemplos, são apenas dimensões desse tempo livre, que pode ocasionalmente vir a ser preenchido com as práticas recreativas, sob os mais variados pretextos: repouso, diversão, socialização de experiências, competições, entre muitos outros.
A Efetiva Expressão do Lazer RODRIGUES (1997:17) fez uma das mais importantes discussões acerca das implicações do uso recreacional do tempo livre, mostrando que, mesmo nos momentos de descanso, o trabalhador tem seu tempo apropriado pelo modo de produção capitalista vigente, por meio de inúmeras